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Agro perde US$ 3,8 tri com catástrofes em 20 anos

  • Foto do escritor: Jean
    Jean
  • 8 de nov. de 2023
  • 3 min de leitura

Catástrofes climáticas ocorridas entre 1991 e 2021 geraram perdas de US$ 3,8 trilhões, ou mais de R$ 19 trilhões, ao setor agropecuário em todo o mundo, de acordo com recente estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). O prejuízo médio anual de US$ 123 milhões corresponde a 5% do PIB agrícola mundial por ano.

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Nos 30 anos analisados, o mundo perdeu anualmente, em média, 69 milhões de toneladas de cereais, 40 milhões de toneladas de frutas e legumes e 16 milhões de toneladas de carne, produtos lácteos e ovos. Esta foi a primeira estimativa da FAO sobre as perdas no campo em decorrência do clima. O estudo também considerou o impacto de crises sanitárias e guerras no fluxo de colheitas e acesso aos alimentos, e não houve uma estratificação das perdas por país.

“Os desastres recorrentes têm o potencial de minar os ganhos na segurança alimentar e minar a sustentabilidade dos sistemas agroalimentares”, alertou o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, no prefácio do relatório. Nos países mais pobres, as perdas relativas são mais elevadas, com impacto de até 15% de seus PIBs agrícolas totais.


A ocorrência desses eventos extremos com impacto na produção agropecuária saltou de 100 por ano na década de 1970 para 400 nos últimos 20 anos, aponta o estudo. O aumento se deve, principalmente, às mudanças climáticas. “Não só os eventos de catástrofe estão a aumentar em frequência, intensidade e complexidade, como também se prevê que o seu impacto piore, à medida que os desastres induzidos pelo clima amplificam as vulnerabilidades sociais e ecológicas existentes”, diz o relatório.


Necessidade de mudança

Os números comprovam a realidade incômoda, de eventos cada vez mais frequentes e impactantes, que têm retirado bilhões do setor agropecuário brasileiro e reforçado a necessidade de intensificar a transição de modelos de produção para mitigação de emissões e adaptação às mudanças do clima.


No Brasil, estiagens consecutivas geraram quebras de safras de grãos no Sul. Geadas afetaram a produção de café em São Paulo e Minas Gerais. Animais morreram de frio em Mato Grosso do Sul. Ciclones e enchentes destruíram cidades, mataram pessoas e abalaram os sonhos de produtores rurais gaúchos. Episódios parecidos se repetiram em Santa Catarina e no Paraná no mês passado. A seca histórica no Norte mudou o cenário do Amazonas, esvaziou rios e tirou o sustento de pescadores. No Centro-Oeste é o calor que assusta e já atrasa trabalhos de campo, como o plantio de soja. Isso tudo no intervalo de poucos meses.


Perdas previstas

Eduardo Assad, pesquisador do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que as alterações no clima e as perdas no setor agropecuário brasileiro eram “absolutamente previstas” e que seus impactos poderiam ter sido evitados ou reduzidos com a aplicação de boas práticas de produção e de medidas preventivas. E essa continua sendo a orientação para enfrentar a questão daqui para a frente, reforçou ele, já que o aumento de 2ºC da temperatura do planeta até 2050 na comparação com o período pré-industrial é quase certo.


Práticas já existentes, como o plantio direto, o uso de plantas de cobertura e a rotação de culturas, podem ajudar, disse Assad. Na pecuária, a indicação é a recuperação de pastos e a redução da idade de abate animal. A sombra gerada pela floresta em sistemas integrados à pastagem reduz em até 10º C a temperatura para o gado, por exemplo, auxilia no bem-estar e evita perda de peso.


“A primeira solução é parar de emitir, parar o desmatamento”, repetiu Assad. “As mudanças climáticas estão vindo para valer mesmo, com extremos de chuvas e temperaturas. É preciso intensificar as técnicas de manejo de solo e água, de adaptação e mitigação. Plantem árvores”, indicou.

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Fonte: GloboRural

Desastres recorrentes têm o potencial de minar os ganhos na segurança alimentar” — Qu Dongyu

Segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), as perdas na agropecuária de janeiro a setembro chegaram a R$ 33,7 bilhões. A cifra não considera os prejuízos a produtores catarinenses e paranaenses. Somados os danos em países vizinhos, como a seca na tríplice fronteira no Rio Grande do Sul com Argentina e Uruguai, o total chega a US$ 11,3 bilhões, calcula a consultoria AON.



 
 
 

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